domingo, 28 de dezembro de 2008

Calúnia, Difamação, Fofoca


Calúnia é um termo que vem do latim, calumnia, engodo, embuste. A calúnia não se confunde nem com a difamação nem com a injúria, outros dois crimes contra a honra. A difamação (do latim diffamare) significa desacreditar, sendo um crime que consiste em atribuir a alguém fato ofensivo à sua reputação de pessoa fiel à moralidade e aos bons costumes. Não se confunde com a calúnia, pois esta consiste numa imputação injusta de fato tipificado como crime. Na difamação o que se busca é desacreditar a vítima, embora sem apontá-la como autora de fato criminoso. Exemplo: afirmar que um homem solteiro, de hábitos reconhecidamente morigerados, freqüenta prostíbulos. Outro exemplo, afirmar que um homem usa seu tempo útil para brincar de internet e ferir/magoar sentimentos alheios. Trata-se, enfim, de uma imputação de fato desairoso à reputação da vítima.Quanto à injúria do latim injuria, de in jus, injustiça, falsidade, trata-se de um crime contra a honra consistente em ofender, verbalmente, por escrito, ou fisicamente (injúria real), a dignidade ou o decoro de alguém. A injúria ofende o moral, abate o ânimo da vítima, ao passo que a calúnia e a difamação ferem a moral da vítima. Perceba-se a diferença entre estas três afirmações: “Fulano é um “mentiroso!” (calúnia); “Beltrano é um depravado!” (difamação); “Sicrano é um boçal!” (injúria). A injúria pode ser manifestada não apenas mediante palavras, mas também por gesticulações ultrajantes (injúria verbal) e, até, fisicamente, quando A, mais avantajado corporalmente do que B, a fim de aviltá-lo, despe-o em público, embora sem lhe causar dano físico. Temos, neste caso, a chamada injúria real. Outro exemplo: o da bofetada que se aplica menos com o intuito de ferir do que ridicularizar..FOFOCA é o mexerico, intriga, a bisbilhotice. É um mal que para muitos é divertimento sem importância, mas que é extremamente destrutivo. A vontade de passar informações faz parte do homem, é a comunicação, é uma ação humana natural e normal, mas na maioria das vezes esquecemos do outro e não medimos as conseqüências das nossas palavras. Quando uma pessoa não controla a cobiça, o resultado é a inveja, que desperta o instinto animal de prejudicar o próximo pela difamação. O vaidoso que é infestado pelo orgulho e pela arrogância, é muito propenso a usar a fofoca. O egoísmo é o resultado da maldade, da indiferença para com o semelhante e, portanto, pela falta de escrúpulos pode-se criar as maIs desalmadas mentiras com a idéia de prejudicar o semelhante. Os homens não têm escrúpulos e por isso estão se destruindo, com mentiras, murmurações, mexericos e fofocas e em todas elas o “ingrediente” principal é a vida do próximo. Existe uma verdadeira indústria por trás da fofoca. Revistas, programas de televisão especializados em fofocas, jornais sensacionalistas que vendem isso, milhares e milhares de pessoas envolvidas na indústria milionária do mexerico. Tudo mentira, falso testemunho, afinal o ditado não é este: “quem conta um conto aumenta um ponto”? E não para por aí. Pior que este são os que fazem isso todos os dias de graça, por puro prazer, pendurados em janelas, nos bares, nas ruas, no trabalho, e hoje na internet. Aliás, se dedicassem em seus afazeres o mesmo tempo que gastam com mexericos, já seriam chefes. A murmuração e o mexerico nos são impostos pela carne. Qual de nós não fica com a “língua coçando” para passar para frente uma notícia. No entanto, se vivemos com o nosso espírito em Deus, teremos um “filtro” que irá separar o que pode causar mal ao nosso semelhante.Em resumo enquanto que fofocar significa intrigar, caluniar consiste em difamar fazendo acusações falsas ou atribuindo falsamente a alguém fato definido como crime. Na calúnia, portanto, há violência maior. Ainda procuramos negar e esconder este fenômeno quando dele somos vítimas. Sentimos vergonha de sermos caluniados quando a vergonha seria adequada sentir por aquele que gera a calúnia. Por vezes, até mesmo nos submetemos ao caluniador do grupo em que convivemos. Afirmativas como “onde há fumaça há fogo”, em verdade são armas utilizadas pelos caluniadores. O correto é: “onde há fumaça há um caluniador”. Para bom entendedor, quem está sendo exposto não é o caluniado, mas sim o caluniador: revela-se e desvenda um interior conflitado.O caluniador é uma pessoa que está sempre em conflito consigo mesmo. Quem está de bem com a vida não tem sequer vontade de caluniar, quer apreciar as coisas boas da vida.Por vezes, as pessoas lidam de forma inadequada com suas perturbações. Por exemplo, passam a ingerir muita bebida de álcool, ou mergulham num mundo imaginário e se afastam da vida real. Outra forma inadequada é a calúnia. O caluniador procura transferir seu desequilíbrio para outra pessoa. Lançando uma calúnia ele percebe que o interior da pessoa atingida começa a se desorganizar. Para que isso ocorra, a calúnia deve ser impactante, deve penetrar no interior da vítima e estourar como uma bomba. Portanto, agora quem está desequilibrado é o outro e não mais ele. Ou há mais alguém perturbado e em sofrimento como ele.Como este artifício é fantasioso, não promove um alívio duradouro ao caluniador, como um vício ele sente necessidade de repetir e repetir o ato de caluniar. É uma falsa saída para seu desequilíbrio. É como se alguém pegasse o lixo de sua casa e jogasse no pátio do vizinho. Por alguns momentos tem a sensação de estar limpo. Mas o lixo reaparece na sua casa, pois ela é o gerador de lixo.Existem dois tipos de caluniadores: aquele que calunia sistematicamente e aquele que o faz num momento em que sua vida não vai bem.E existem também as pessoas que levam adiante a calúnia gerada por outro. É um fenômeno que acompanha a humanidade desde sempre. Um dramaturgo romano, Plauto, escreve em uma de suas peças: “Os que propalam a calúnia e os que a escutam, se prevalecesse minha opinião, deveriam ser enforcados, os primeiros pela língua e os outros pela orelha”.Brincadeiras à parte, temos que aprender a lidar com estes fenômenos. Todos estamos sujeitos a ele. Shakespeare escreveu: “Mesmo que sejas tão puro quanto a neve, não escaparás à calúnia”. A recuperação de quem sofre a calúnia se faz a medida em que a pessoa não se submete ao fenômeno, encara-o de frente, conversa com seus amigos. Preserva sua auto-estima, desvinculando-se desta agressão verbal e psicológica da qual está sendo vítima. Aquele que se percebe gerando calúnia, também se beneficiará de uma ajuda profissional para procurar lidar de uma maneira mais eficaz com seus desequilíbrios.O mecanismo da fofoca e da calunia pode ser avaliado por uma experiência subliminar que em psicologia é um estímulo que não é suficientemente intenso para que o indivíduo tome consciência dele, mas que, repetido, atua no sentido de alcançar um efeito desejado.

Provavelmente, graças a esse poder contaminante do pensamento primário é que, muitas vezes, julgamos uma causa por sua aparência, brigamos com amigos por detalhes fúteis e esquecemos o imprescindível para guardar o periférico. Então no caso da fofoca esquecemos as qualidades boas da pessoa e exaltamos as más.


FRASES INTERESSANTES...

"A calúnia é sem dúvida, o pior dos flagelos, visto que faz dois culpados e uma vítima." (Heródoto)

"A língua que calunia mata três pessoas ao mesmo tempo: a que profere a calúnia, a que escuta, e a pessoa sobre a qual se fala." (Paulo Coelho)

"A calúnia é como uma moeda falsa: muitos que não gostariam de a ter emitido, fazem-na circular sem escrúpulos." (Diane de Poitiers)

"Pois a calúnia vive por transmissão, alojada para sempre onde encontra terreno." (William Shakespeare)

"A calúnia é como uma vespa que o importuna e, contra a qual, não se deve fazer qualquer movimento, a não ser que se tenha a certeza de a matar." (Nicolas Chamfort)

"A calúnia e a injúria são armas da ignorância." (George Sand)

"Quanto mais uma calúnia custa a acreditar, maior é a memória dos tolos para a fixar." (Casimir Delavigne)

"Perseverar no cumprimento de seu dever e guardar silêncio é a melhor resposta à calúnia." (George Washington)

"A calúnia é um fogo devorador, que consome tudo em que toca, e que enegrece o que não pode consumir." (Jean-Baptiste Massillon)

"São necessários o inimigo e o amigo juntos para ferir-te no coração: o primeiro para caluniar-te, o segundo para vir contar-te." (Mark Twain)

"Saber resistir à violência é forte, mas vulgar; saber resistir à calúnia e aos motejos é maior esforço e mais raro." (Alexandre Herculano)

"A calúnia é um assassino moral." (Benjamin Constant)

"Os caluniadores são como o fogo que enegrece a madeira verde, não podendo queimá-la." (Voltaire)

"A melhor resposta às calúnias é o silêncio." (Benjamim Jonson)

"O caluniador torna-se responsável por todo o prejuízo decorrente da sua difamação." (Textos Cristãos)

"Mesmo sendo casto como gelo e puro como a neve, ninguém está livre da calúnia." (William Shakespeare)

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